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O Significado Social da Comida

Cupcake com Coração

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Açúcar: sinônimo de amor

Você sabe que o meu papel não é dizer para as pessoas o que elas devem ou não comer. Esta é a função da nutróloga e da nutricionista. Mas tratando de comportamento, é importante sabermos que socialmente o açúcar é entendido como um sinônimo de amor. Não raro, oferecer uma bala para uma criança e ver a satisfação em seu rosto é a alegria da família.

É real a sua conexão fisiológica com “energia” e “alegria”, especialmente nas crianças. É o primeiro item “cortado” na dieta. O que acontece, é que, por concentrar muita energia e ser rapidamente absorvida pelo organismo, uma dose de açúcar certamente deixa a criança “momentaneamente feliz” (para não dizer eufórica). Bombas de açúcar, por sua vez, podem deixar a criança elétrica e irritada se ingeridas à noite, por exemplo. Entenda-se por bombas de açúcar os refrigerantes, sucos de caixinha e qualquer coisa exageradamente adoçada.

Quando introduzir o açúcar

A sugestão da Organização Mundial da Saúde é esperar. Diversos estudos hoje indicam que quanto mais tarde o contato do bebê com o açúcar melhor. Seu consumo antecipado pode favorecer o aparecimento de cáries, a recusa por alimentos que não contenham açúcar, uma sensação momentânea de euforia seguida por chateação, obesidade infantil e diabetes.

O açúcar refinado, especialmente, altera o paladar da criança e pode facilmente acostumá-la a alimentos cada vez mais doces. Pensa na tristeza do adulto que experimenta o doce liberado na dieta e não o percebe doce. Isso é um paladar alterado.

Minha experiência pessoal

Eu, enquanto mãe, optei por não oferecer NADA de açúcar ao bebê até os dois anos (exceto frutose, é claro). "Tadinha", "que judiação fazer isso com a menina" ou até mesmo “eu criei meus filhos com bolacha maria e ninguém morreu por isso" são os comentários mais comuns aqui em casa. Eu imaginava que isso nunca daria certo, não passaria do primeiro ano. Mas deu! Alice foi “resguardada” desta substância com muito carinho até a festinha de 2 anos. Afinal, porque oferecer um sinônimo de amor se você pode oferecer o amor sem sinônimos?

Na sua festa de aniversário, para alegria geral da nação, nos deliciamos vendo ela provar tudo o que estava na mesa. É claro que eu coloquei doces alternativos sem açúcar refinado, mas ela se divertiu da mesma forma. Fotografamos cada brigadeiro e babamos nesta sua experiência com o mundo doce.

Claro que esta é a minha experiência pessoal. Cabe aos pais/responsáveis estabelecer o cardápio de seus filhos, aos profissionais de saúde orientar a família e ao restante do mundo aceitar a decisão. Ponto final.

Você coloca carinho no prato?

Se açúcar é sinônimo de amor, oferecer açúcar ou oferecer comida é o ato supremo de demonstração de carinho e zelo. Nem vem com essa história de emagrecer. Esta ideia está incrustada na sociedade, passa de geração para geração e, a menos que alguém resolva quebrar a corrente, vai permanecer eternamente.

A corrente que me refiro é o comportamento de compensação. Quantos adultos se deparam com uma farta mesa de carinho todo domingo, no almoço em família? Macarrão não é suficiente, tem que ter maionese, empadão e tudo o que temos direito, é preciso reunir todo o tipo de carboidrato. O adulto experimenta um pouco de cada e, a cada experiência, enaltece “que delícia a sua comida”. Percebeu a transferência de carinho? “Fiz este prato especialmente para você”. E aí vem o grande “x” da questão: você recusaria um prato feito especialmente para você?

Não estou criticando os almoços de domingo, as pessoas que cozinham deliciosamente bem ou os pratos feitos especialmente para você, mas gostaria muito que você pudesse pensar a respeito. Será que podemos demonstrar carinho de outras formas, principalmente que não envolvam comida?

Estas são algumas dificuldades para quem busca fazer as pazes com a comida e emagrecer: o hábito de transferir sentimentos e a dificuldade de dizer não para “os sentimentos” dos outros.

Anotou? E você, consegue separar o carinho e o amor da sua necessidade nutricional?

Sobre dizer não

Aprender a dizer não pode parecer fácil, mas não é. Estamos acostumados a dizer não para nós e sim para os outros. Se você acredita que não se encaixa neste grupo preste muita atenção às suas escolhas. Canso de ouvir as pessoas dizerem “eu só faço o que eu quero” ou “sou eu quem manda em mim” e deixarem suas férias para o ano que vem, postergarem a caminhada na praia, aquela consulta importante...

São tantas necessidades do “EU” que deixamos de lado devido ao tempo, rotina, trabalho, dinheiro e correria, que não faço a menor ideia de onde estariam as suas prioridades.

Tudo bem que as vezes não tem jeito, não dá, mas postergar um mês atrás do outro durante anos?

O rolo compressor da rotina não é fácil, por isso é tão importante estarmos atentos. Quando pensamos em comida e nos seus significados emocionais pode parecer difícil desvincular-se através do “não” e desagradar o outro. Mas quem você precisa agradar, afinal? E as suas necessidades fisiológicas?

Pense em opções. Que tal só um pedacinho? Afinal, não é todo mundo que se adapta com a rotina e constrangimento da “marmita”. Será que não tem como dizer um “não” bonito, leve e de fácil compreensão para um dos pratos daquele almoço de domingo na casa da família? Uma sugestão inicial é agradecer o carinho e cuidado que aquela pessoa teve, seguida pela sua opção/necessidade.

Nem todo mundo gosta de anunciar aos quatro ventos que está de regime. Seja claro, não use muletas. Não é a nutricionista que não deixa, não foi o médico que proibiu, é você! Você prefere comer outro prato neste momento, você já está sem fome. Clareza é essencial.

Coloque o carinho no lugar dele

Tendo dito o seu certeiro “não”, você poderá libertá-lo do prato através de outras demonstrações. O que me vem a cabeça neste momento são abraços, olhares, apertos de mão, batidinhas leves nas costas. Até coraçãozinho via whatsapp pode ser bem aceito, mas nada melhor que um contato olho no olho. As palavras e sorrisos também são ótimas fontes de carinho. Aproveite, curta, pois nem tudo gira em torno da comida. Isso inclui você.

Suellen Mengatto (CRP 12/09970)

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