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Depressão, a dor que não tem fim

Mulher com Depressão

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Pessoas emagrecem horrores ou ganham peso sem perceber, escondem-se das atividades que outrora adorariam fazer ou, simplesmente, isolam-se em casa.

Nada importante, certo? É só um momento da vida, depois tudo volta ao normal.

Vamos esperando, aguardando, postergando, tentando resolver sozinhos. Procuramos o médico para entender de onde vem essa dor e aquela. Não há nada de errado no coração, mas o peito dói. Trato o que encontro fisicamente, mas ”a dor ainda dói”. Por fim, somente quando sinto que não há mais alternativa, cogito sobre a possibilidade de procurar ajuda psicológica. Neste momento, já conheci o fundo do poço.

Sim, tudo isso acontece a sua volta ou com você. Ouço semanalmente no consultório. Retrata a nossa dificuldade de lidar com as questões internas. Infelizmente aprendemos assim: o interno não é visto, portanto não existe. Aí está a dificuldade de percebermos o que há dentro de nós.

CRENÇAS SOBRE QUEM TEM DEPRESSÃO

Além desta dificuldade de acesso, há também muitas crenças e preconceitos sobre a doença, as mais comuns dizem que:

Esse preconceito afasta as pessoas da realidade. Ninguém quer parecer fraco, ocioso, descrente, fresco ou bobo. Pré-conceito de seres humanos nada humanos. Se fossem, no mínimo teriam um pouco de empatia ou respeito pelo doente.

A depressão é o “mal do século”. Ouvi isso tantas vezes, mas só agora constato que é pura realidade. Eu diria que talvez até do milênio. Algo tão presente no cotidiano mas ainda não encarado pelas pessoas como doença, por incrível que pareça.

A DIFERENÇA ENTRE TRISTEZA E DEPRESSÃO

A tristeza faz parte da humanidade. Mas depressão e tristeza são coisas diferentes. A tristeza é um sentimento, pode ter vasta importância no nosso processo de crescimento. A depressão só afunda.

É certo que a tristeza é parte da doença, um dos seus principais sintomas. Mas ela pode não estar necessariamente presente. Fato é que pelo menos um dos sintomas é humor deprimido ou perda de interesse/prazer. Quando um dos dois se manifestam por um período mínimo de duas semanas em conjunto com outros critérios, temos a chamada Depressão Maior (a mais comum). Os critérios envolvidos podem incluir:

  • Alteração de peso não intencional;
  • Distúrbio de sono;
  • Problemas psicomotores;
  • Fadiga ou perda de energia constante;
  • Culpa excessiva ou inutilidade;
  • Dificuldade de concentração;
  • Pensamentos recorrentes de suicídio ou morte;
  • Baixa autoestima;
  • Alteração da libido.
  • Segundo o Manual Diagnóstico de Transtornos Mentias (DSM_V, 2010) é preciso que cinco (ou mais) destes sintomas estejam presentes durante um período de duas semanas e representam uma mudança real em relação ao funcionamento anterior. Mas é claro que existem diagnósticos diferenciais.

    RISCOS DA DOENÇA

    Além da dificuldade em reconhecer a doença como tal, que posterga e dificulta o tratamento, quem possui depressão tem mais chances de desenvolver outras doenças. Segundo o DSM-V, isso significa oito vezes mais chances de desenvolver outros transtornos mentais (para quem tem menos de 50 anos) ou três vezes mais chances de desenvolver doenças clínicas em maiores de 50 anos (em comparação com quem não possui a doença).

    Como o estado depressivo também pode ser um sintoma secundário de várias outras doenças, sempre é importante estabelecer um diagnóstico diferencial. Muitas vezes, no início, os sinais da enfermidade podem não ser reconhecidos. No entanto, nunca devem ser desconsiderados, principalmente as possíveis referências a ideias suicidas ou de autodestruição. O suicídio é um risco real e sempre presente.

    O funcionamento mental de uma pessoa que pensa em cometer suicídio gira em torno de três sentimentos:

  • Intolerável (não consigo mais suportar),
  • Inescapável (estou sem saída) e
  • Interminável (não acaba nunca mais).
  • Lembre-se, que quem pensa nem sempre fala a respeito, mas dá sinais. É necessário cuidado especial com pessoas que demonstrem desespero, ansiedade extrema e agitação, pois têm maior risco iminente de suicídio.

    Olá, eu sou o suicídio.

    Sou o fim.
    O fim do sofrimento interminável, inescapável e intolerável.
    Sou o fim.
    Não sou ameaça, mimimi nem frescura.
    Sou o fim.

    Não sou culpa de ninguém, mesmo que o bilhete de despedida diga o contrário.
    Sou o fim.
    Não venho para chamar a atenção.
    Só quero dar fim.

    Posso ser uma ideia, uma tentativa ou uma ação.
    Por isso todos precisamos estar atentos
    E procurar ajuda sim.
    Porque eu posso ser evitado,
    Antes do fim!

    TRATAMENTO

    A psicoterapia é parte fundamental no tratamento da depressão, sendo indicada tanto para os quadros leves, em que os antidepressivos podem não ter uma indicação necessária, como nos quadros graves, junto da farmacoterapia.

    O remédio sozinho não faz milagre. Mas a “janela” que a medicação abre no cérebro ao reduzir os sintomas é importantíssima para o processo terapêutico. Por este motivo o trabalho conjunto entre psicoterapeuta e psiquiatra é importante.

    COMO POSSO AJUDAR ALGUÉM COM DEPRESSÃO?

    Não é fácil estar perto de quem sofre depressão. Não é fácil resistir à vontade de dar um sermão ou tirar da cama à força.

    Mas, se você é cuidador, amigo ou convivente com alguém com depressão, seguem sugestões simples que podem ajudar.

  • Entender o que é a depressão;
  • Não julgar;
  • Ouvir sem dar conselhos;
  • Estar presente (nem sempre algo precisa ser dito);
  • Apoiar;
  • Oferecer ajuda;
  • Não pressionar;
  • Levar a um profissional.
  • Familiares e amigos próximos precisam entender o caráter patológico da doença. Mais que isso, precisam reconhecer a gravidade de suas consequências, pelas perdas que os sintomas depressivos causam, tanto prejudicando as relações familiares, sociais e profissionais, como induzindo a um cuidado pessoal precário e ao risco de morte por suicídio.

    Portanto, quando familiares e amigos percebem sinais de que a depressão está recomeçando, devem intervir junto ao médico ou psicólogo, para evitar o agravamento de uma recaída e a interrupção do tratamento.

    Durante a crise depressiva, devem-se evitar críticas e cobranças: as críticas apenas confirmam os pensamentos de falta de valor e de inutilidade que o depressivo já têm; e as cobranças aumentam o estresse, pois ele já não tem condições de realizar suas tarefas.

    Para estimular, deve-se convidá-lo para atividades diversas, prazerosas, porém sem cobrança excessiva, pois acaba se tornando “mais uma cobrança”. Não deixe de convidá-lo para atividades, pois se sentirá, ao menos, amparado.

    Palavras de conforto são interessantes, mas nem sempre há o que dizer. Lembre-se que a principal mensagem é emocional, não racional (o que faz sentido pela sua “lógica” pode não fazer sentido para a lógica emocional do depressivo.

    Existem momentos em que a crise fica tão grave, que o risco de suicídio ou de autoagressão ou agressão aos outros fica evidente e, algumas vezes, a família e amigos não conseguem controlar a situação. Nesses casos, a internação hospitalar psiquiátrica pode ser necessária por um curto período de tempo. Isso não significa que a família não deu conta do recado, mas que o depressivo precisava de cuidados profissionais intensivos.

    ACHO QUE TENHO DEPRESSÃO, QUANDO DEVO PEDIR AJUDA?

    Se você se identificou com a doença, pedir ajuda é fundamental. Entretanto, o que a maioria das pessoas acredita é que não precisa dela. Não procurar um profissional ou simplesmente parar de tomar a medicação para não se sentir “dependente do remédio” é muito comum.

    Por este motivo, é importante perceber o quanto o sofrimento está atrapalhando a sua vida cotidiana. O quanto ele te impede de cumprir a rotina, sentir-se bem ou em paz. Sentir.

    Quando você perceber que o sofrimento está atrapalhando ou te impedindo de sentir-se bem a ajuda profissional já é imprescindível. Não espere o fundo do poço.

    Suellen Mengatto (CRP 12/09970)

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