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Efeito Dominó: Alimentação x Emoção

Efeito

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Esta relação amplamente discutida na ciência por vezes não é discutida com aquele que pode sofrer a influência significativa no seu comportamento alimentar: o próprio indivíduo. Uma destas relações é a armadilha da associação bidirecional: quando o alimento que você consome afeta suas emoções e vice-versa.

O que você come afeta o que você sente

Você já percebeu o quanto tudo isso está interligado? O chocolate, por exemplo, é conhecido por provocar certo prazer. Não por menos, o chocolate auxilia no processo de liberação do “hormônio da felicidade”, fato que o torna bastante desejado pela população em geral. Além disso, alguns estudos apontam que a região do cérebro ativada com o consumo do chocolate é a mesma afetada pela cocaína, de tão poderoso o seu efeito no cérebro. Eu fico chocada só de pensar na reação que o alimento produz.

E não se trata apenas do comer, mas da quantidade de calorias ingeridas diariamente. Mudanças no padrão de ingestão podem produzir alterações químicas e fisiológicas no cérebro. Se emagrecer significa reduzir drasticamente ou eliminar os carboidratos da dieta, por exemplo, podemos comprometer o humor e a autoestima, desencadear tristeza e falta de energia. Acredite se quiser, mas alguns estudos afirmam que isto acontece porque o seu cérebro percebe as alterações e “sente falta” destes alimentos.

Das emoções para os alimentos

Por outro lado, as emoções já são bastante conhecidas por influenciar nossas decisões nutricionais, especialmente a quantidade e o tipo de alimento. Uma pessoa com depressão, por exemplo, pode sentir menos apetite e pular refeições, o que também pode aumentar sua ansiedade e irritabilidade.

A solidão, por sua vez, pode estimular o consumo de alimentos reconfortantes, associados a algo positivo. Quem nunca brigou com o namorado e “afundou” num pote de sorvete que atire a primeira pedra. Trata-se de uma compensação. Comer quando estamos tristes ou insatisfeitos proporciona um passageiro bem-estar. Extremamente passageiro, mas proporciona.

Agora, se você é mulher e sofre com a TPM, provavelmente já ouviu falar que no período pré-menstrual ocorrem alterações nos níveis hormonais do organismo que derrubam a produção de serotonina. Seu déficit pode ter suas consequências tornando as mulheres mais irritadas e deprimidas. Por isso, neste período a mulherada costuma sair correndo atrás do chocolate para suprir a carência e “se sentir melhor”. Dane-se o regime!

Outras armadilhas sensoriais

Mas é preciso ficar atento. Os alimentos que nos confortam, em parte, também são recompensas adquiridas. Isto significa que o cérebro não age sozinho, pois muitas conexões que fazemos entre um alimento e determinada emoção provém das nossas experiências sensoriais.

Sabe aquele bolo de chocolate cheiroso que só a sua avó fazia especialmente para você quando era criança? Ele (o chocolate, ou o bolo de chocolate) podem estar conectados numa experiência marcante em que a figura da avó que te tratava tão bem, os momentos com ela e o bolo delicioso, tudo isso junto “tornou” o chocolate (ou o bolo de chocolate) um alimento “reconfortante” para você. Isto não significa que você ainda vai lembrar da sua avó sempre que o seu nariz detectar cheiro de chocolate, mas o seu cérebro pode trazer estas conexões automaticamente sem que você perceba.

A solução

Funcionando automaticamente podemos cair em diversas armadilhas diárias. Veja como isso pode virar uma bola de neve. Se considerarmos, por exemplo, usar a cafeína com mais frequência para dar “aquele gás” nas pendências do dia a dia, já que ela induz o estado de alerta e dificulta o sono, talvez seja possível colocar tudo em dia. O que as vezes não percebemos é que o seu excesso pode provocar insônia, esta pode aumentar a ansiedade e esta pode levar uma pessoa a comer mais para aliviar o mal estar. Assim a armadilha ficou super complexa e presa a um ciclo vicioso.

Parece tão cruel e mordaz esta relação, que estaríamos fadados a viver sob suas condições eternamente. Emagrecer nunca mais. Uma coisa leva à outra por mera consequência fisiológica, certo? Errado! O que estava faltando nesta relação é a capacidade de discernimento do ser humano: o pensamento.

Parar de agir ligado no automático e dar espaço para suas percepções, para sua autoestima, é uma solução viável. Se o pensamento é incluído nestas equações e o indivíduo adquire um repertório de respostas diferentes aos impulsos, assim teremos resultados diferentes. Que tal tentar?

Não se trata de algo mecânico, nem de seguir a dieta a todo custo no estilo 8 ou 80. Impulsos são impulsos, a questão está em perceber quando acontecem, quando são importantes ou não.

Família e educação alimentar

Lembra da pessoa que terminou com o namorado e se “afundou” num pote de sorvete? Será que o sorvete resolveu o problema? Não! E também não colocou a reeducação alimentar a perder, nada de drama. O verdadeiro problema é o sofrimento interno. Enquanto não for resolvido ou o indivíduo aprender a lidar com as perdas de forma diferente, haverá muitos potes de sorvete ou muitos chocolates disfarçados de avó.

Neste sentido, a família também possui um papel fundamental. Se você recebeu educação emocional quando criança, certamente terá um repertório mais amplo para lidar com diversas situações. Se você foi criado em uma família preocupada com as questões alimentares e que te proporcionou uma educação alimentar adequada, certamente você terá respostas diferentes.

Infelizmente, a maior parte das pessoas hoje não recebe educação emocional e nem alimentar. Somos criados como se os sentimentos não existissem, pelo menos não os ruins. É proibido chorar. Autoestima é orgulho. Quanto à alimentação, comer é uma obrigação, açúcar é um prêmio, e ai de quem disser diferente. Depois de adulto ele que se vire para emagrecer.

Vive-se um amor platônico entre o que eu quero e o que eu posso. Entre o que eu quero e o que eu devo. Emagrecer é a meta. Ser fitness um ideal. Dizem que é apenas uma questão de foco, força e fé. Mal sabem que só estão piorando tudo. A autoconfiança já foi para o espaço a estas alturas do campeonato.

Relação dicotômica triste e real. Mas é possível adquirir repertório para viver esta experiência sem sofrimento. É possível vencer as amarras deste amor tão ardiloso. É preciso vencer o automatismo, analisar seus pensamentos e identificar onde estão as suas conexões. Você certamente vai se surpreender!

Suellen Mengatto (CRP 12/09970)

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